Estou de férias na Tailândia!!!! Consegui 2 semanas de folga no trabalho e aproveitei para me jogar no Sudeste Asiático. Pra vocês acompanharem um pouco das milhares de aventuras que este lugar está proporcionando postarei dois vídeos: um em Bangkok e o outro em Phuket.
Confiram!
Comendo insetos em Bangkok (Coragem!!)
Andando de caiaque em Phuket
terça-feira, 27 de dezembro de 2011
sábado, 10 de dezembro de 2011
Dublando um filme indiano
Estava almoçando com um amigo quando meu celular toca. Não era uma ligação que eu esperava. Muito menos esperava o convite que eu estava prestes a receber. "Alô, Bianca! Você tem algum plano pra amanhã? É que um diretor de cinema gostou da sua voz e quer que você duble a protagonista do filme dele. Topa?" Silêncio. Não acreditei!
Logo quando eu cheguei em Mumbai, dublei uma propaganda de sabão em pó. Uma agência de publicidade indiana estava fazendo um comercial protótipo para a Unilever e precisavam de brasileiros para dublar. Fiz. Foi uma experiência muito legal e de bônus recebi o equivalente a 5000 rúpias, o suficiente para pagar as contas fixas de um mês: aluguel, internet, eletricidade e diarista.
O tal Diretor ouviu este material que eu já havia gravado e Paresh, o coordenador indiano responsável pelas dublagens, agora me convidava para mais um trabalho extra. Topei pela experiência e pelo dinheiro: ganharia 20.000 rúpias. O equivalente ao que eu ganho em um mês como trainee. A diferença é que trabalharia apenas quatro dias.
Fui ao local combinado em um domingo de manhã. Não haviam me passado o roteiro do filme e nem me explicado meu papel. Apenas cheguei disposta a encarar seja lá o que me aguardava. Havíamos marcado as 10:00. Cheguei as 09:45, mas não havia mais ninguém. Esperei até as 10:15 e nada. Preocupada liguei para meu contato. Ele me atendeu e disse que já estava chegando.
Dez minutos depois nos encontramos. "Bianca, que bom te ver novamente! Vamos tomar um "chai"? Os produtores chegam em quize minutos". Do outro lado da rua, um senhor de aproximadamente 60 anos, com olhos cansados e a testa suada, preparava os famosos "chais" indianos: um chá feito através de uma mistura de especiarias, masala e leite.
Fomos servidos em copos de metal. Todos os outros homens tomavam no de vidro. Pensei que fosse apenas coincidência, mas resolvi perguntar apenas pra ter certeza. E ele confirmou o que eu já desconfiava: castas inferiores tomam no copo de vidro. Os "privilegiados" tomam no de metal. Ao menos foi o que ele me disse.
É surreal pensar o quanto é forte estas diferenças sociais aqui na Índia. Esta, aliás, é a característica mais gritante entre aqui e o Brasil. No país do futebol a maioria das pessoas não aceita pacificamente ser "desprivilegiada": elas assaltam, roubam e se for preciso, matam. É lógico que há algumas que estudam, batalham e conseguem ascender socialmente. Mas aqui na Índia é diferente. É nítido que a grande maioria aceita sua condição de vida, porque "era pra ser assim". Vivem para servir e servem para sobreviver. Seja porque a base da religião hindu prega isto (quem tiver mais curiosidade pode acessar aqui) ou porque acreditam estar encarando um karma (saiba mais).
Enfim, chai tomado, recebemos a ligação de que a equipe "já" nos aguardava. Chegando à sala de dublagem fui apresentada ao Diretor do filme, Lal Jose e ao Produtor Salam Palapetty. Ali eles me informaram que eram de Kerala, sul da Índia e que eu dublaria o filme Spanish Masala. As filmagens foram gravadas na Espanha. A protagonista Camila, a personagem que eu dublaria, era espanhola, mas havia crescido na Índia. Assim, ao decorrer da história, ela falava três idiomas. E este era meu desafio: dublar em espanhol, inglês e malayalam (?) (a língua falada no Estado de Kerala). Todo esse trabalho seria necessário, pois a atriz que interpretou "Camila" era austríaca e não sabia nada de espanhol.
Foram muitas horas de trabalho. Exaustivo e divertido: grava, volta, repete, grite mais, chore menos, sorria com ternura, não respire próxima ao microfone! Que experiência incrível! Complicada, mas incrível!Primeiro que além de ter que falar conforme a boca da personagem se movimentava, eu também precisava transmitir a mesma emoção e de quebra me preocupar em pronunciar corretamente três línguas diferentes, sendo que nenhuma delas é meu idioma oficial. No entanto, a equipe foi muito atenciosa e me ajudou a superar todas as dificuldades.
A estreia será em dezembro. Estou ansiosa para assistir ao filme, reconhecer minha voz, ler as críticas e com o dinheiro ganho nas gravações fazer a minha tão sonhada viagem à...Ah, pra que estragar a surpresa?
Dublando o filme Spanish Masala
Logo quando eu cheguei em Mumbai, dublei uma propaganda de sabão em pó. Uma agência de publicidade indiana estava fazendo um comercial protótipo para a Unilever e precisavam de brasileiros para dublar. Fiz. Foi uma experiência muito legal e de bônus recebi o equivalente a 5000 rúpias, o suficiente para pagar as contas fixas de um mês: aluguel, internet, eletricidade e diarista.
O tal Diretor ouviu este material que eu já havia gravado e Paresh, o coordenador indiano responsável pelas dublagens, agora me convidava para mais um trabalho extra. Topei pela experiência e pelo dinheiro: ganharia 20.000 rúpias. O equivalente ao que eu ganho em um mês como trainee. A diferença é que trabalharia apenas quatro dias.
Fui ao local combinado em um domingo de manhã. Não haviam me passado o roteiro do filme e nem me explicado meu papel. Apenas cheguei disposta a encarar seja lá o que me aguardava. Havíamos marcado as 10:00. Cheguei as 09:45, mas não havia mais ninguém. Esperei até as 10:15 e nada. Preocupada liguei para meu contato. Ele me atendeu e disse que já estava chegando.
Dez minutos depois nos encontramos. "Bianca, que bom te ver novamente! Vamos tomar um "chai"? Os produtores chegam em quize minutos". Do outro lado da rua, um senhor de aproximadamente 60 anos, com olhos cansados e a testa suada, preparava os famosos "chais" indianos: um chá feito através de uma mistura de especiarias, masala e leite.
Fomos servidos em copos de metal. Todos os outros homens tomavam no de vidro. Pensei que fosse apenas coincidência, mas resolvi perguntar apenas pra ter certeza. E ele confirmou o que eu já desconfiava: castas inferiores tomam no copo de vidro. Os "privilegiados" tomam no de metal. Ao menos foi o que ele me disse.
É surreal pensar o quanto é forte estas diferenças sociais aqui na Índia. Esta, aliás, é a característica mais gritante entre aqui e o Brasil. No país do futebol a maioria das pessoas não aceita pacificamente ser "desprivilegiada": elas assaltam, roubam e se for preciso, matam. É lógico que há algumas que estudam, batalham e conseguem ascender socialmente. Mas aqui na Índia é diferente. É nítido que a grande maioria aceita sua condição de vida, porque "era pra ser assim". Vivem para servir e servem para sobreviver. Seja porque a base da religião hindu prega isto (quem tiver mais curiosidade pode acessar aqui) ou porque acreditam estar encarando um karma (saiba mais).
Enfim, chai tomado, recebemos a ligação de que a equipe "já" nos aguardava. Chegando à sala de dublagem fui apresentada ao Diretor do filme, Lal Jose e ao Produtor Salam Palapetty. Ali eles me informaram que eram de Kerala, sul da Índia e que eu dublaria o filme Spanish Masala. As filmagens foram gravadas na Espanha. A protagonista Camila, a personagem que eu dublaria, era espanhola, mas havia crescido na Índia. Assim, ao decorrer da história, ela falava três idiomas. E este era meu desafio: dublar em espanhol, inglês e malayalam (?) (a língua falada no Estado de Kerala). Todo esse trabalho seria necessário, pois a atriz que interpretou "Camila" era austríaca e não sabia nada de espanhol.
Foram muitas horas de trabalho. Exaustivo e divertido: grava, volta, repete, grite mais, chore menos, sorria com ternura, não respire próxima ao microfone! Que experiência incrível! Complicada, mas incrível!Primeiro que além de ter que falar conforme a boca da personagem se movimentava, eu também precisava transmitir a mesma emoção e de quebra me preocupar em pronunciar corretamente três línguas diferentes, sendo que nenhuma delas é meu idioma oficial. No entanto, a equipe foi muito atenciosa e me ajudou a superar todas as dificuldades.
A estreia será em dezembro. Estou ansiosa para assistir ao filme, reconhecer minha voz, ler as críticas e com o dinheiro ganho nas gravações fazer a minha tão sonhada viagem à...Ah, pra que estragar a surpresa?
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