Hoje é meu quarto dia em Mumbai e é engracado, porque em alguns momentos tenho a impressão de que já faz uns 2 anos que estou aqui e as vezes é nítido que eu apenas acabei de chegar.
Depois de visitar 24 países, finalmente, tive o tal do choque cultural. É muito difícil explicar este sentimento: é um misto de descoberta (me sinto como uma criança aprendendo tudo), com uma sensação de impotência por ainda não saber as malícias exigidas pra que eu sobreviva, com uma certa pitada de orgulho por eu ter tido coragem de vir e ao mesmo tempo uma certeza de que tem que ser muito louca mesmo pra ter vindo.
Em quatro dias, eu percebi que vou ter que aprender a ser mais desprendida. Não digo nem em relação a compras ou a dividir quarto (dividirei com mais 2 trainees), mas desprendida, principalmente, dos meus "nojinhos”. A minha primeira aquisição foi um álcool em gel. E acreditem, ele já esta na metade rs.
Vomitei dois dias seguidos de nojo. Nojo das mãos e unhas sujas dos indianos que cozinham sem luva, nojo do peixe que fica do lado do lixo e é servido aos turistas, nojo dos homens que te encaram com um olhar pervertido, nojo dos ratos e baratas que insistem em me assustar em TODOS os lugares, nojo do trem que é super lotado e cheira suor, nojo da falta de higiene, nojo por não ter papel higiênico em todo lugar, nojo porque a toda hora todos tentam me passar a perna. Enfim: nojo!
E é justamente aí que entra mais uma contradição deste país: não, não estou odiando (apesar de todos os perrengues). Afinal é uma outra realidade, eu sou a estrangeira, devo me adaptar (e não esperar que toda a Índia se adapte a mim) e de certa forma já havia me preparado para isto (lógico que quando você está lendo essas diferenças na sua casa, não é tão intenso quanto na vida real).
Mas ao mesmo tempo que é tudo muito sujo, é lindo ver o quão espirituais os indianos são. Ao mesmo tempo que eu me irrito com as crianças pedindo dinheiro nas ruas, eu me encanto quando elas sorriem e percebo que elas só querem atenção. Ao mesmo tempo que eu tenho medo de ter uma intoxicação alimentar, também me permito comer em alguns restaurantes (e a comida é deliciosa), ao mesmo tempo que eu odeio quando os indianos tentam tirar vantagem em tudo, eu amo o quão receptivos e solícitos eles são. Ao mesmo tempo que as vezes bate uma vontade de chorar, eu dou muita risada e me impressiono com a beleza deste lugar que ultrapassa a falta de saneamento ou higiene.
Mas é difícil. Nossa, como é! Mas quem disse que choque cultural é fácil? Se quer comodidade e zona de conforto fica em casa.
O jeito é começar logo minhas aulas de yoga pra exercitar meu equilíbrio e paciência. Afinal é isto que os indianos fazem, não é? Bom, ainda é cedo pra eu ter certeza disso, mas sei que por hora é o que eu vou fazer...
segunda-feira, 26 de setembro de 2011
sexta-feira, 23 de setembro de 2011
Bem-vindos à Mumbai
Quando recebi a proposta pra ser trainee em Mumbai não tinha ideia do que me aguardava. Sim, estudei sobre a cultura, comprei guias de viagem, assisti filmes Bollywoodianos, conversei com pessoas que já haviam visitado o país, mas mesmo assim, me surpreendi quando pisei em terras indianas.
O cheiro de curry e incenso se confundem com o do lixo, os inúmeros rickshaws se misturam aos pedestres e vacas, o som da buzina incessante com a voz dos fiéis muçulmanos, os deuses hindus dividem a atenção com famosas marcas ocidentais, os livros de kama sutra não combinam com as mulheres de burca e sari...
Este país de tradições e contradições me atraiu, justamente, por ser assim. Depois de morar nos EUA, Europa, Canada e mochilar pela América Latina chegou a vez de conhecer a realidade na Ásia. Nos próximos 12 meses escreverei histórias, apuros e maluquices de uma brasileira na Índia.
O vídeo abaixo é apenas uma prévia do que nos aguarda!
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